A matemática financeira
Nas feiras livres ouvimos um bombardeamento de termos matemáticos que demonstram, no mínimo, um conhecimento informal, mas muito importante dessa área do saber humano. As principais citações, com certeza, são relacionadas à matemática financeira. Esse ramo da matemática, como a própria terminologia sugere, trata das operações com dinheiro, utilizando o sistema decimal como base de cálculo.
Quem, ao passar por uma feira, nunca ouviu termos do tipo: “três maçãs por um real”; “duas mangas por um real e cinco por dois”; “na compra de três peças de roupa receba desconto de vinte por cento à vista”; “carne de primeira a partir de quinze reais o quilo”; “prato feito por doze reais” etc. Com certeza esses termos soam familiares ao leitor, assim como outros omitidos nesse pequeno demonstrativo também devem ter surgido às suas mentes. Esses são exemplos clássicos do uso da matemática financeira. Sem dúvida muitas outras aplicações podem ser relacionadas a esse ramo da matemática, sendo ele, a meu ver, um dos mais importantes da meta ciência.
Gostaria de provocar vocês com um questionamento sobre o uso da matemática em tarefas práticas do dia a dia, bem como para resolução de diversos problemas, ou a prevenção deles, possível apenas sob o seu conhecimento: se num simples passeio pelas feiras livres foi-nos necessários tantos conhecimentos matemáticos, seria possível uma existência distante dessas sabedorias?
As medidas
Continuando o passeio pelas feiras livres, ainda podemos ouvir muitos termos matemáticos que não estão vinculados diretamente á matemática financeira, mas que deles dependem nossas ações ou soluções. Dentre muitos outros existentes exemplifico com alguns poucos apenas como forma de demonstração da utilidade matemática no cotidiano de todos nós: “um litro de mel de abelha por apenas trinta reais”; “água mineral de quinhentos ml (mililitro) custa só dois reais”; “o quilo de carne bovina por vinte reais”; “dois metros de tecido num valor promocional de trinta reais” etc.
A geometria
Impressionante é ver o uso frequente de ferramentas matemáticas por pessoas que alegam a não alfabetização nessa ciência. Ouço muito pessoas falarem que não conseguem compreender as complexidades matemáticas, suas operações diversas, suas formalidades, sua simbologia. Porém, inconscientemente, fazem uso corriqueiramente de suas diversas ferramenta, talvez, e em alguns momentos, melhor do que os matemáticos teóricos.
As dimensões dos compartimentos da casa, o alinhamento das paredes, a metragem de cada cômodo, os cortes dos materiais excedentes em medidas exatas, a utilização da escala de medidas, o nivelamento do solo, as formas geométricas impregnadas na construção. São tantos os conhecimentos matemáticos exibidos por esses profissionais, que nenhum curso de aperfeiçoamento na área seria capaz de oferecer tantos saberes em sua organização curricular, pois o grande problema da compreensão do conhecimento matemático se dá pela prevalência da teoria à prática.
Últimas considerações
Talvez, baseado nessas reflexões, deva-se pensar em alterações que favoreçam o ensino da matemática e, principalmente, a sua aprendizagem. Se pessoas comuns exibem conhecimentos profundos de matemática na prática do seu cotidiano, mas não conseguem relacioná-los com a matemática escolar, não devemos nos preocupar sobre como a matemática está sendo ensinada nas escolas? Se a prática da matemática é tão presente na vida das pessoas, não se deve proporcionar um ensino de matemática totalmente vinculado à sua prática? Será mesmo o conhecimento matemático acessível a poucos? Seria esse saber inato e somente gênios nascem sabendo-o?
Claramente a matemática é indispensável à vida humana. Sua compreensão se dá de várias maneiras: na vida escolar, na interação social, através de observações, na prática de tarefas que a exija, em diálogos, em cursos de formação ou especialização, enfim, são muitos os caminhos que nos levam a compreensão implícita ou explícita da matemática, o fato é que todos a sabemos, muito ou pouco, prática ou teoricamente, mas a sabemos.
Discordo de que matemática está vinculada apenas aos gênios. Todos são capazes de aprendê-la, e de certa forma todos a sabem. Diferentes são apenas as suas formas de uso, até por que ela, como qualquer outra ciência, está à disposição de todos nós e se adapta as nossas necessidades. Todos somos matemáticos, uns da prática diária, outros de profissão. Existe aqui uma relação de interdependência, pois os matemáticos do dia a dia geram campos de estudos para os matemáticos de profissão, enquanto estes aperfeiçoam os conhecimentos e informações, realizam novas descobertas e as proporcionam à sociedade.
“Viver sem a matemática seria como possuir uma cegueira permanente e desconhecer as nossas próprias ações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário